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Nissan Next. Este é o plano para salvar a Nissan

Foi apresentado o plano Nissan Next, cujos objetivos passam por garantir à Nissan um crescimento sustentável, a estabilidade financeira e a rentabilidade.

Nissan Arya

Nissan Next é o nome dado ao plano a médio prazo (até ao final do ano fiscal de 2023) que, se bem sucedido, fará com que o construtor japonês regresse aos lucros e à estabilidade financeira. Finalmente, um plano de ação para sair da crise instalada no construtor há vários anos.

Os últimos anos não têm sido fáceis. A detenção de Carlos Ghosn, ex-CEO, em 2018, fez agravar uma crise que trouxe múltiplas consequências, nenhuma delas positiva. Desde um vazio de liderança, ao abalar das fundações da Aliança com a Renault. Junte-se este ano uma pandemia que não só colocou a Nissan, como toda a indústria automóvel sob enorme pressão, e parece uma tempestade perfeita.

Mas agora, com Makoto Uchida ao leme, o atual CEO da Nissan, vemos a serem dados os primeiros passos, materializados nas ações anunciadas hoje do plano Nissan Next, na direção da sustentabilidade e rentabilidade.

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Nissan Juke

Nissan Next

O plano Nissan Next caracteriza-se por múltiplas ações no sentido de reduzir os custos fixos e as operações não lucrativas e a racionalização da sua capacidade de produção. Também revela uma forte ambição de renovar o portefólio da marca, reduzindo a idade média da sua gama para menos de quatro anos em vários mercados chave.

O objetivo é o de chegar ao final do ano fiscal de 2023 com uma margem de lucro operacional de 5% e uma quota de mercado global sustentável de 6%.

"O nosso plano de transformação visa garantir um crescimento estável em vez de uma expansão excessiva de vendas. Agora vamos concentrar-nos nas nossas principais competências e melhorar a qualidade do nosso negócio, mantendo uma disciplina financeira e foco na receita líquida por unidade para atingir a rentabilidade. Isto coincide com a restauração de uma cultura definida por "Nissan-ness" para iniciar uma nova era".

Makoto Uchida, CEO da Nissan
Nissan Qashqai 1.3 DIG-T 140
© Raul Mártires / Razão Automóvel

Racionalizar

Mas antes de conseguir atingir os objetivos a que se propõe com o plano Nissan Next, assistiremos a várias ações de racionalização que terão como consequência uma contração da dimensão do construtor. Entre elas está o encerramento de duas fábricas, uma na Indonésia e outra na Europa, confirmando-se o encerramento da fábrica em Barcelona, Espanha.

É intenção da Nissan reduzir a sua produção para 5,4 milhões de veículos por ano, menos 20% do que produziu em 2018, ajustando-se melhor aos níveis de procura do mercado. Por outro lado, o objetivo passa também por conseguir uma taxa de utilização de 80% das suas fábricas, ponto onde a sua operação se torna rentável.

Não só veremos contrair os números de produção como o número de modelos. Dos 69 modelos atuais que a Nissan vende no planeta, até ao final do ano fiscal de 2023, serão reduzidos para 55.

Estas ações vão no sentido de reduzir os custos fixos do construtor japonês em 300 mil milhões de ienes, pouco mais de 2,5 mil milhões de euros.

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Prioridades

Como já reportámos antes, uma das decisões tomadas ao abrigo do Nissan Next foi a de priorizar as suas operações em mercados chave — Japão, China e América do Norte —, enquanto noutros a sua presença será reestruturada e/ou diminuída, tentando maximizar as sinergias com os restantes parceiros da Aliança, como vai acontecer na Europa. E ainda existe o caso da Coreia do Sul, onde a Nissan deixará de operar.

Nissan Leaf e+

Além de sair da Coreia do Sul, a marca Datsun será também ela encerrada — ressuscitada em 2013 para servir de marca low cost, sobretudo na Rússia, termina novamente ao fim de pouco mais de meia dúzia de anos de operação efetiva.

A renovação do seu portefólio é também uma das prioridades, com 12 modelos novos a serem lançados nos próximos 18 meses, onde a larga maioria será, de uma forma ou outra eletrificada. Além de modelos 100% elétricos, veremos a expansão da tecnologia híbrida e-Power a mais modelos — como o B-SUV Kicks (não será comercializado na Europa). É objetivo da Nissan vender um milhão de veículos eletrificados por ano até à conclusão do plano Nissan Next.

Nissan IMQ Concept
Nissan IMQ, o próximo Qashqai?

Também veremos a Nissan continuar a apostar forte nos sistemas de assistência à condução ProPilot. Este será adicionado a mais 20 modelos em 20 mercados, com o objetivo de vender 1,5 milhões de veículos por ano equipados com esta tecnologia.

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Menos Nissan na Europa

Mas afinal, o que vai acontecer na Europa? A aposta será clara nos crossover e SUV, tipologias automóveis onde a Nissan tem conhecido enorme sucesso.

Além do Juke e do Qashqai, que terá uma nova geração no próximo ano, será adicionado um SUV 100% elétrico. Este novo modelo já tem nome, Ariya, e será lançado em 2021, mas será revelado já no próximo mês de julho.

Esta aposta nos crossover/SUV verá modelos como o Nissan Micra desaparecerem dos catálogos da marca. Fica também por saber se o “apanhado” (em vídeo) sucessor do Nissan 370Z chegará até nós…

De acordo com os planos anunciados, veremos serem lançados na Europa três modelos 100% elétricos, dois modelos híbridos e-Power e um híbrido plug-in — não significa que sejam todos eles modelos independentes, mas sim podem ser diversas versões de um modelo. A eletrificação continuará a ser um tema forte na Nissan — ela prevê que os seus modelos eletrificados correspondam a 50% do total das suas vendas na Europa.

"A Nissan deve entregar valor aos seus clientes em todo o mundo. Para isso, precisamos de realizar avanços nos produtos, tecnologias e mercados em que somos competitivos. Este é o ADN da Nissan. Nesta nova era, a Nissan continua focada nas pessoas, em democratizar a tecnologia e em enfrentar os desafios como só a Nissan tem capacidade para fazer".

Makoto Uchida, CEO da Nissan
teaser nissan z 2020
Teaser Nissan Z

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