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Catesby Tunnel. Neste túnel não é preciso vento para testar a aerodinâmica

Inaugurado em 1898 como um túnel ferroviário, o Catesby Tunnel é hoje um centro de testes: entre outros, é um túnel de vento sem… vento.

Catesby Tunnel
Catesby Tunnel

Porque é que em vez de usar um túnel de vento e fazer o ar mover-se em redor do veículo a ser estudado, não é o veículo que se move e observamos a forma como este «corta o ar»?

Foi assim que se fez durante muito tempo antes dos túneis de vento serem a prática padrão, levando os veículos para a estrada/circuito, com pequenas fitas presas à carroçaria, como podemos ver, por exemplo, no filme “Ford v Ferrari”.

Contudo, testar a aerodinâmica de um veículo no «mundo real» impede a repetibilidade das condições (sobretudo climatéricas), sendo difícil de aferir o impacto das modificações efetuadas no veículo.

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Nem sempre são precisas grandes ventoinhas para testar a aerodinâmica de um automóvel.

Não admira que seja prática corrente testar a aerodinâmica em túneis de vento, onde o controlo das condições é absoluto — essencial para averiguar em como as alterações no veículo têm impacto nos resultados.

Contudo, os túneis de vento, apesar de eficazes, são caros de construir e de utilizar e não refletem totalmente as condições reais de condução. Afinal o veículo está parado e é o ar que está a ser deslocado, o oposto do que acontece na realidade.

Dos comboios aos automóveis

É aqui que «entra em ação» o Catesby Tunnel, localizado no Reino Unido. Foi inaugurado em 1898 como um túnel da rede ferroviária britânica e assim se manteve até 1966 quando por lá deixaram de passar comboios.

Foi construído com recurso a cerca de 30 milhões de tijolos e tem 2,7 km de extensão que são quase uma reta perfeita, contando com um gradiente de inclinação de apenas 0,006%.

Ao ver estas condições, a Totalsim, uma empresa dedicada ao estudo da aerodinâmica, viu o potencial deste túnel para ser um túnel de vento sem… vento.

Catesby Tunnel
Quem diria que este túnel foi construído ainda no século XIX? Catesby Tunnel

Uma questão de consistência

O projeto arrancou em 2013 e demorou quase 10 anos a ficar concluído — quase seis décadas de abandono obrigaram a trabalhos de recuperação no túnel —, mas no final valeu a pena.

Afinal de contas, é apenas um de dois túneis do género em todo o mundo e cumpre praticamente na perfeição as suas funções.

Subaru Outback no Catesby Tunnel
Não é só a superdesportivos e carros de competição que se destina o Catesby Tunnel. Catesby Tunnel

Quem o diz é Jon Paton, da Totalsim que relembra: “o mais importante para os testes é a consistência e a repetição (…) É daí que vêm os dados de alta qualidade”. Sendo o túnel um ambiente muito controlável, não é difícil assegurar estes dois fatores.

As afirmações de Jon Paton são corroboradas pelos resultados do primeiro teste efetuado no Catesby Tunnel com um Mazda Dpi de competição (IMSA) da Multimatic Motorsports.

Após várias passagens a 120 milhas por hora (cerca de 193 km/h) os dados de aerodinâmica recolhidos eram idênticos aos conseguidos nos túneis de vento convencionais e nas simulações em computador.

Segundo Larry Holt, fundador da Multimatic Motorsports, “Comparado com os túneis de vento convencionais, este é melhor porque é real (…) o Catesby Tunnel permite avaliar o desempenho aerodinâmico de um veículo no «mundo real».

Larry Holt acrescenta que “Num túnel de vento o automóvel está parado e o vento é soprado sobre ele por um ventilador, por baixo do carro um tapete rolante move-se a uma velocidade coordenada para simular a estrada (…) é muito sofisticado, mas o automóvel continua parado”.

Não serve só para a aerodinâmica

Apesar de permitir fazer testes aerodinâmicos sem necessitar das enormes e potentes ventoinhas, o Catesby Tunnel pode ser usado para fazer outro tipo de testes a automóveis.

Naquele espaço pode-se testar a performance dos automóveis, os sistemas de refrigeração, o desempenho sonoro ou até fazer testes de emissões. Tudo isto num túnel com mais de 100 anos!

Sabe esta resposta?
Qual é o automóvel com menor coeficiente de resistência aerodinâmica do mundo (Cx)?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

O mais baixo coeficiente aerodinâmico atual é de um carro chinês