Notícias Concepts Sphere. «Ao vivo e a cores» com o futuro elétrico da Audi

Monterey Car Week 2022

Concepts Sphere. «Ao vivo e a cores» com o futuro elétrico da Audi

A Audi proporcionou-nos, em Pebble Beach, um encontro aproximado com os concepts da família sphere, que antecipam o seu futuro elétrico.

Audi skysphere, grandsphere e urbansphere no green de Pebble Beach, 2022

Em meados de agosto, durante a Monterey Car Week, a Audi juntou os seus três concepts da família sphere — skysphere, grandsphere e urbansphere — que antecipam o futuro elétrico da marca de Ingolstadt.

Ocasião aproveitada por nós para um contacto mais próximo com o trio de concepts no green de Pebble Beach, local escolhido para uma sessão fotográfica — no início de 2023, a família sphere passará a ser um quarteto, com a adição do activesphere, de que já foi libertado um teaser.

São bem mais do que exercícios de estilo. Os protótipos sphere antecipam igualmente os avançados recursos tecnológicos que vão servir os futuros modelos elétricos de produção em série da marca de Ingolstadt.

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Audi skysphere, grandsphere e urbansphere no green de Pebble Beach, 2022
No green de Pebble Beach, pudemos estar à conversa com Oliver Keyerleber, diretor de estratégia do projeto dos concept cars sphere.

Entre eles destaca-se o nível de autonomia L4 (em situações específicas de trânsito o condutor pode delegar por completo a responsabilidade de condução ao próprio veículo, deixando de ter que intervir), arquitetura elétrica de 800 V e carregamentos ultrarrápidos, e autonomias de 600 km a 750 km com uma única carga completa de bateria, dependendo do modelo.

Falta só conhecer o activesphere concept, que será revelado no início de 2023. Quando perguntámos por que razão não foi levado para posar na sessão fotográfica no green do buraco 18 do campo de golfe de Pebble Beach, a resposta não poderia ter sido mais honesta: “ainda não está pronto”.

O primeiro é o menos provável de acontecer

Quem mo diz é Oliver Keyerleber, diretor de estratégia do projeto dos concept cars sphere da Audi, antes de abordar o que significa cada um dos outros três modelos que temos por diante.

Audi skysphere concept
Audi skysphere concept

Nas palavras de Keyerleber: “o skysphere concept foi o primeiro da família e joga com esta ideia de um veículo de lazer com dupla personalidade, porque pode ser guiado com uma distância entre eixos mais curta, para um comportamento mais ágil, ou então passar a veículo autónomo, aumentando a distância entre as rodas dianteiras e traseiras, desaparecendo o volante. Foi desenhado pela nosso estúdio nos Estados Unidos”, o que se nota bem nas suas linhas gerais, com algo de Corvette.

Um sofisticado mecanismo permite que componentes da carroçaria e da estrutura do carro deslizem para fazer variar o comprimento entre os eixos e do veículo em 25 cm (diferença similar entre um A7 e um A8), ao mesmo tempo que a altura ao solo é ajustada em um centímetro para melhorar ou o conforto ou a dinâmica de condução.

Mas, apesar de ter sido o primeiro a ser revelado (agosto de 2021), o skysphere é, dos três concepts conhecidos, aquele com menos probabilidades de derivar num modelo produzido em série.

Não só a distância entre eixos variável teria de ficar «no estirador», como os descapotáveis têm perdido mercado na última década e existem hoje outras prioridades, mas isso não quer dizer que o panorama não volte a mudar. A Polestar parece acreditar que sim, com o seu modelo descapotável 6, previsto para 2026.

O novo A8 quase pronto

Depois, por ordem cronológica (setembro de 2021), surgiu o grandsphere concept, um projeto liderado pela equipa de design europeia.“

Audi grandsphere em Pebble Beach 2022
Audi grandsphere concept.

É a nossa ideia de um futuro Gran Turismo, desportivo, para quatro pessoas, mas privilegiando a fila da frente, ao mesmo tempo que integra tecnologia de condução autónoma”, explica Keyerleber, que conclui chamando a atenção para o contributo do muito reduzido capô para uma silhueta muito distinta e dinâmica.

No momento da sua apresentação, tivemos ocasião de falar com Marc Lichte — o n.º 1 do design da Audi — que confirmava então que o grandsphere antecipa o que será o sucessor do A8 e que refletia a “75-80%” o que viria a ser o novo topo de gama da marca alemã em meados da presente década.

O que ainda não está claro é sobre que plataforma se irá fabricar. Por um lado, a Audi e a Porsche estão a terminar o desenvolvimento da arquitetura Premium Platform Electric (PPE) que será usada por uma grande parte dos seus futuros automóveis elétricos — a começar pelo futuro Q6 e-tron.

Só que a Volkswagen está a investir muito na sua futura arquitetura elétrica SSP e irá naturalmente tentar repartir custos dentro do Grupo Volkswagen, insistindo em sinergias. Seja qual seja a plataforma escolhida para o futuro A8, o importante para a Audi é que exista uma clara diferenciação tecnológica e de posicionamento para evitar algum tipo de canibalização de vendas entre as diferentes marcas.

Nem falta sequer um MPV

O terceiro pilar da estratégia, o urbansphere concept (abril de 2022), muda o foco para a experiência da viagem, para o bem-estar dos passageiros da segunda fila.

Audi urbansphere em Pebble Beach 2022
Audi urbansphere concept.

“Foi desenhado pelo estúdio de Pequim e teve em conta muitas das necessidades do mercado chinês, onde muitos proprietários de veículos de segmentos premium e de luxo são guiados por motoristas”, esclarece o «pai» do clã sphere.

Mas fontes próximas, que preferem manter o anonimato, asseguram que se o projeto nasceu para culminar num monovolume para a China, a verdade é que a componente de condução autónoma que os automóveis vão ter no futuro acaba por trazer de volta o interesse de veículos com o formato e conceito de utilização dos MPV também para os EUA e a Europa.

As portas do urbansphere têm dobradiças atrás e não há pilar central, para que o acesso ao salão deste transportador de pessoas de 5,5 m de comprimento — e uma impressionante distância entre eixos de 3,4 m — seja o mais amplo possível.

Bancos que giram para fora e um tapete vermelho de luz projetado no chão ao lado do veículo transformam o próprio ato de entrar no carro numa experiência de conforto.

Os quatro assentos individuais em duas filas proporcionam luxo de primeira classe. Nos modos Relax e Entertain, o encosto pode ser inclinado até 60º enquanto os apoios para as pernas se estendem ao mesmo tempo.

Audi grandsphere e urbansphere com Oliver Keyerleber e Joaquim Oliveira
À conversa com Oliver Keyerleber (esquerda).

Enquanto conversam, os passageiros podem virar-se um para o outro nos seus assentos giratórios, mas se se pretender algum isolamento é possível baixar uma tela de privacidade montada atrás do encosto de cabeça. Além disso, cada assento possui a sua própria zona de som com altifalantes montados no encosto de cabeça.

Para momentos de entretenimento (para assistir a um filme) ou trabalho (uma vídeo-conferência) mais partilhados, há um ecrã OLED de grande formato (que ocupa toda a largura do habitáculo) que desce do teto para a zona entre as filas de assentos — um «truque» similar ao do novo BMW i7.

SUV/Crossover a caminho

Sobre o activesphere apenas temos um esboço meio oculto e alguma informação arrancada a custo dos designers da Audi, que sempre fazem por esconder o jogo até ao momento da revelação física de qualquer projeto.

Audi Activesphere
Audi Activesphere será revelado no início de 2023.

O nome, tal como nos outros três concepts, começa por revelar a filosofia do veículo: o activesphere será um «crossover coupé» ou um «SUV coupé».

A declaração oficial sobre o que será é que “pretenderá proporcionar um elevado grau de variabilidade para um estilo de vida ativo”, tendo sido possível apurar que este concept terá um comprimento idêntico ao do atual Audi A7, ou seja, marginalmente abaixo dos cinco metros. E a sua autonomia elétrica deverá rondar os 600 km.

Audi skysphere, grandsphere e urbansphere com mar ao fundo
Na área de Monterey, há sempre uma paisagem idílica «ao virar da esquina».

Sendo verdade que a Audi já está bem servida de SUV em todos os segmentos, a procura global por veículos com este tipo de silhueta é tal que há espaço e mercado para todos, pelo que podemos esperar para o ver nas estradas dentro de três a cinco anos.