Motor de 2 tempos da Mazda? É o que mostra nova patente

A Mazda volta a surpreender no registo de patentes, desta vez com um novo motor de combustão de dois tempos.

A patente US 2022/0034265 Al de 3 de fevereiro de 2022 mostra que a Mazda, ao contrário de outros, continua a investir no desenvolvimento de motores de combustão interna e este é, sem dúvida, um dos mais intrigantes.

O que podemos rapidamente depreender da patente é o desenvolvimento de um novo motor Skyactiv-X de dois tempos pela Mazda — hoje, todos os motores de combustão usados em automóveis são de quatro tempos — recorrendo a um compressor e à tecnologia SPCCI dos Skyactiv-X.

Os motores de dois tempos

A principal diferença entre os motores de dois e quatro tempos, e que lhe dão o nome, é que os primeiros conseguem completar o ciclo de combustão (admissão, compressão, combustão e escape) com apenas uma subida e descida do pistão pelo cilindro (dois tempos).

O pistão nos motores a quatro tempos, por outro lado, sobe e desce duas vezes pelo cilindro para completar o mesmo ciclo (contando um tempo por cada fase do ciclo de combustão).

Apesar de terem desaparecido dos automóveis e praticamente também das motas (às quais mais depressa associamos este tipo de motor), a verdade é que os motores de dois tempos ainda hoje são usados. Por exemplo, os gigantes dos mares, como porta-contentores, estão equipados com motores Diesel de dois tempos e estão entre os mais eficientes motores de combustão.

Mas apesar de terem muitas vantagens em relação aos de quatro tempos, sobretudo pela sua maior simplicidade, menor tamanho e superior rendimento, têm um problema «fatal»: emissões poluentes.

Um problema que advém da forma como funcionam, em que a lubrificação do motor faz-se misturando o óleo com o combustível, queimando ambos na câmara de combustão, o que gera gases de escape mais poluentes, de tom azulado, impossibilitando-o de cumprir as exigentes normas de emissões.

Então porquê a Mazda está a desenvolver um motor de dois tempos?

A tecnologia não para de evoluir e o que era inviável ontem pode ser a solução amanhã. O motor de dois tempos parece ser um desses casos.

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Novos desenvolvimentos ao nível da injeção, distribuição (uso de válvulas ao invés de portas na parede do cilindro), recurso à sobrealimentação e lubrificação (circuito separado) estão a permitir reduzir substancialmente as emissões dos motores de dois tempos.

O resultado é um interesse renovado sobre este tipo de motor, que tem crescido substancialmente nos últimos anos, não só no mundo das duas rodas, como também no das quatro — tem sido até uma das possibilidades consideradas para o futuro da Fórmula 1.

Não é uma surpresa total ver, por isso, a Mazda interessada nos motores de dois tempos. Pode muito bem ser o próximo passo na evolução do motor de combustão.

Skyactiv-X de dois tempos?

A diferença para outros motores de dois tempos que têm surgido e que podemos ver nesta patente é a aplicação da tecnologia SPCCI (Spark Controled Compression Ignition), que é usada nos seus motores Skyactiv-X.

Resumindo na medida do possível, a tecnologia SPCCI é o mais próximo que existe no mundo automóvel de um motor de combustão com a almejada ignição por compressão de carga homogénea (HCCI).

Ou seja um motor a gasolina que é capaz de ignificar a mistura ar-combustível por compressão (como um Diesel) em determinadas condições, conseguindo ser assim, muito mais eficiente e económico. Para melhor compreenderem esta tecnologia recomendamos a leitura ou releitura destes artigos:

Tecnologia SPCCI. A derradeira evolução do motor de combustão?

Guilherme Costa

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Fernando Gomes

A patente da Mazda mostra um motor sobrealimentado por compressor com uma cabeça que inclui válvulas, um injetor e a vela de ignição.

De acordo com descrição inicial a Mazda diz tratar-se de “um motor de dois tempos com um compressor capaz de prevenir a ocorrência de uma combustão anormal sob uma carga elevada e que pode melhorar a eficiência de combustível quando a ignição por compressão acontece com pouca carga, e a ignição por faísca (vela de ignição) acontece com carga elevada.”

O «truque» para este Skyactiv-X de dois tempos parece estar no comando variável das válvulas de admissão e escape, para garantir os níveis de eficiência desejados e evitar a detonação da mistura ar-combustível fora da altura ideal.

Na patente é referida ainda a existência de um catalisador e um filtro de partículas.

Veremos este motor ser lançado?

Por agora a Mazda não avançou com nenhuma informação oficial sobre o desenvolvimento de um novo motor de combustão.

Todos os desenvolvimentos conhecidos sobre as futuras motorizações da Mazda referem-se à nova família de seis cilindros em linha (gasolina e gasóleo), um novo Wankel para servir de extensor de autonomia e uma nova motorização híbrida plug-in que será estreada pelo novo CX-60.

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Esta patente de um motor de dois tempos da Mazda é algo completamente novo.

Tendo em conta a atenção que o fabricante japonês dá ao uso do motor com cargas baixas e altas, percebe-se que este motor tem como objetivo deslocar um veículo e não servir apenas como um extensor de autonomia.

A tecnologia Skyactiv-X é onerosa, pelo que também não estamos a ver um motor deste género equipar um modelo de baixa gama.

Tem sido avançado que o próximo Mazda MX-5 virá equipado com um motor Skyactiv-X, idêntico ao usado nos Mazda3 e CX-30, mas poderá esta patente dar uma pista sobre uma nova opção para o roadster japonês?

Fernando Gomes

Entrou no universo dos automóveis através do design, hoje expressa a sua paixão pelo automóvel na escrita.

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