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Diesel: Banir ou não banir, eis a questão

Atualmente discute-se na Alemanha o futuro dos Diesel, nomeadamente a proibição de circulação nos principais centros urbanos e alternativas a esse cenário.

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Um dilema de difícil resolução é o que podemos observar na Alemanha, onde se discute o futuro dos Diesel. Por um lado, algumas das suas maiores cidades propõem banir os Diesel – os mais antigos – dos seus centros, de modo a reduzir a poluição do ar. Por outro, Diesel continua a significar milhares de postos de trabalho – só a Robert Bosch, um dos maiores fornecedores globais da indústria automóvel, tem 50 mil postos de trabalho associados ao Diesel.

Entre as cidades alemãs que consideram proibir o acesso de carros a Diesel encontramos Munique, Estugarda e Hamburgo. Estas cidades não têm conseguido atingir os níveis de qualidade do ar definidos pela União Europeia, pelo que são necessárias medidas para reverter a situação atual.

Os construtores alemães propõem outra solução, menos radical, que envolve operações de recolha voluntárias de modo a atualizar o nível de emissões de carros a Diesel Euro 5. BMW e Audi avançam que até 50% dos seus modelos Diesel Euro 5 poderiam ser atualizados.

Vemos boas perspetivas em encontrar uma solução federal para atualizar os carros a Diesel Euro 5. A BMW suportaria o custo dessa atualização.

Michael Rebstock, porta-voz da BMW

A BMW sugere comportar os custos, mas no início de agosto, terão início as conversações entre entidades governamentais e representantes da indústria para delinear um plano sobre como essa operação poderia ocorrer e como seria paga.

Estugarda, onde estão sediadas a Mercedes-Benz e a Porsche, e que propõe pôr em marcha já no próximo mês de janeiro proibições à circulação de carros a Diesel, já avançou que está aberta a medidas alternativas, como a sugerida atualização dos motores. Mas essas medidas teriam de entrar obrigatoriamente nos próximos dois anos, para reduzir os níveis de poluição atmosférica da cidade.

Também na região da Baviera, onde se encontram a BMW e a Audi, o governo estadual afirmou que concordaria com uma operação de recolha voluntária de modo a evitar a proibição de carros a Diesel nas suas cidades.

Proibições de condução têm de ser uma medida de último recurso, porque limitam a mobilidade das pessoas. A solução terá de passar pela organização da mobilidade na Alemanha doutra forma. Por isso é bom que todas as partes envolvidas se sentem juntas e desenvolvam um conceito para o futuro.

Hubertus Heil, Secretário Geral dos Sociais Democratas

Proibições ameaçam indústria

Todos os ataques que os Diesel têm sofrido, incluindo a ameaça de proibições de circulação, colocam a indústria sobre forte pressão. Na Alemanha, as vendas de carros Diesel correspondem a 46% do total e são um passo fundamental no cumprimento das metas de CO2 impostas pela União Europeia.

A indústria automóvel tem efetuado investimentos avultados no desenvolvimento de veículos híbridos e elétricos, mas até estes atingirem volumes de vendas capazes de surtirem efeito na redução dos valores de CO2, a tecnologia Diesel continua a ser a melhor aposta como passo intermédio na perseguição desse objetivo.

Após o Dieselgate, vários construtores têm sido alvo de um escrutínio rigoroso, com acusações de que recorriam a dispositivos para passar, de forma fraudulenta, os testes de emissões, sobretudo aos que se referem às emissões NOx (óxidos e dióxidos de nitrogénio), precisamente aquelas que mais deterioram a qualidade do ar.

Mercedes-Benz anuncia uma operação recolha voluntária

Entre os construtores acusados podemos encontrar a Renault, Fiat e também a Mercedes-Benz. Esta última tem colaborado com as entidades alemãs nos últimos meses para diversas rondas de testes.

Ao contrário do grupo Volkswagen, que admitiu ter cometido fraude, a Daimler afirma que cumpriu os regulamentos vigentes, que permite reduzir a ação dos sistemas de controlo de emissões de modo a proteger o motor.

O construtor já tinha iniciado operações de recolha voluntária nos seus modelos mais compactos e no Classe V, onde é atualizado o software da gestão do motor, reduzindo assim as emissões NOx. Como medida preventiva, a «marca da estrela» decidiu expandir as operações de recolha a três milhões de veículos Diesel Euro 5 e Euro 6 no continente europeu.

A marca alemã espera assim evitar as penalizações massivas que vimos no grupo Volkswagen. Segundo a Mercedes-Benz, esta recolha terá um custo de cerca de 220 milhões de euros. As operações terão início dentro de poucas semanas, sem custos para os seus clientes.