Autopédia 7 automóveis que receberam motores de Fórmula 1

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7 automóveis que receberam motores de Fórmula 1

Quando os motores de Fórmula 1, os mais evoluídos do mundo deixam os monolugares, geram as máquinas mais apaixonantes e até bizarras de sempre.

Alfa Romeo 164 Procar
© Alfa Romeo

Reunimos sete máquinas equipadas com motores de Fórmula 1 e é nossa esperança que esta lista continue a crescer nos próximos anos, por muito improvável que isso possa parecer.

E nesta lista há modelos para todos os gostos. Desde os previsíveis supercarros a imprevisíveis furgões, sem esquecer um monovolume muito especial.

Basta o dinheiro não ser um problema e existir muita imaginação, para nascerem máquinas como estas capazes de nos fazer sonhar.

Renault Espace F1

Renault Espace F1
© Renault O carro familiar perfeito?

A Renault Espace F1 é o resultado de uma aliança entre a Renault e a Williams para celebrar os 10 anos da Espace — recordamos que na década de 90, era a Renault que fornecia os motores à equipa de Fórmula 1 da Williams.

Da Espace de segunda geração só sobraram as formas da carroçaria. O resto ficava a dever mais a um verdadeiro Fórmula 1 do que a um carro familiar.

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O motor usado foi o 3.5 V10 do Williams-Renault FW15C . Graças a este motor, a Renault Espace F1 desenvolvia uns expressivos 820 cv de potência. O motor encontrava-se montado entre os dois bancos traseiros, à vista de todos. sem nenhum tipo de isolamento — de doidos…

Interior da Renault Espace F1, com motor V10 entre os quatro lugares
© Renault Apesar de contar com um motor de Fórmula 1 a Espace F1 continuava a ter lugar para quatro passageiros.

Ainda hoje as performances do Renault Espace F1 conseguem rivalizar com qualquer supercarro: dos 0 aos 100 km/h em apenas 2,8s e uma velocidade máxima de 312 km/h.

Alfa Romeo 164 Procar

Alfa Romeo 164 Procar
© Alfa Romeo Do Alfa Romeo 164 só sobrou mesmo as linhas e a designação

Viva Itália! Isto sim é um verdadeiro sleeper. Dos esforços conjuntos da Brabham e da marca italiana nascia em 1988 o Alfa Romeo 164 Procar. Um modelo que debaixo de uma carroçaria muito próxima do modelo de produção escondia um verdadeiro Fórmula 1.

Removendo a secção traseira, ficava à mostra o belo motor 3.5 V10 de 608 cv — desenvolvido originalmente para equipar os monolugares da Ligier no Mundial de F1.

Alfa Romeo 164 Procar, de traseira 3/4
© Alfa Romeo O designação Twin Spark é só para enganar os mais distraídos

A Alfa Romeo pretendia, com este modelo, suceder à BMW no campeonato monomarca Procar, onde a marca alemã fez correr o BMW M1.

À semelhança do passado, o campeonato Procar deveria servir de evento de apoio aos fins de semana de corridas Fórmula 1. Porém, tal nunca chegou a acontecer e o Alfa Romeo 164 Procar nunca chegou a correr.

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Em termos de performances, o 164 Procar precisava apenas de 2,8 s para chegar aos 100 km/h e atingia os 349 km/h de velocidade máxima.

Ferrari F50

Ferrari F50 na estrada, frente 3/4
© Ferrari O mais incompreendido dos super Ferrari

Sucessor do histórico e aclamado Ferrari F40, o Ferrari F50 não conseguiu fazer esquecer o seu antecessor — culpa, talvez, das formas da sua carroçaria? Apesar de tudo e olhando hoje para as suas formas, podemos dizer que o F50 até envelheceu bem.

Mas se não encantou desde logo pelo seu aspeto, mecanicamente não havia nada a apontar. Por baixo da vasta cobertura traseira habitava um 4.7 V12 naturalmente aspirado que derivava diretamente do Ferrari 641 — o monolugar que competiu em 1990 pela scuderia italiana.

Ferrari F50, sem coberturas dianteira e traseira, visto de cima, com motor de Fórmula 1 V12 exposto
© Ferrari

No Ferrari F50 este motor apresentava cinco válvulas por cilindro (60 no total), debitava 520 cv e era capaz de cumprir os 0-100 km/h em apenas 3,7s. Regime de rotação máximo? 8500 rpm.

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Dos monolugares de Fórmula 1 derivava ainda o esquema de suspensão traseiro, do tipo pushrod, com os pontos de ancoragem a estarem na transmissão.

Ford Supervan 2 e 3

Ford Supervan 3
© Ford Ford Transit Supervan 3.

É isto que acontece quando se deixa um veículo comercial acasalar com um monolugar de Fórmula 1. Furgão da parte do pai, monolugar da parte da mãe. Uma combinação que a Ford já tinha experimentado mais vezes ao longo da história, com outras gerações da Ford Transit.

A Supervan 2, lançada em 1984, recorria a um Cosworth 3.9 V8 DFL, derivado do DFV usado na Fórmula 1, tendo sido «apanhada» a 281 km/h em testes em Silverstone.

A sucessora, a Supervan 3, seria conhecida em 1994, baseada na 2, recebendo o Cosworth HB 3.5 V8, com aproximadamente 650 cv às 13 500 rpm.

Porsche Carrera GT

Porsche Carrera GT
© Porsche O último dos analógicos

Para nós, é o último supercarro verdadeiramente analógico. O último de uma espécie já extinta e que mereceu já toda a nossa atenção.

Dono de um som inebriante, o Carrera GT foi o herdeiro do motor V10 que a Porsche desenvolveu na década de 90 para a equipa de Fórmula 1 Footwork. Em 1999, este mesmo motor deveria ter sido utilizado nas 24 Horas de Le Mans — e até desenvolveu um protótipo para o acomodar —, porém, mudanças no regulamento em Le Mans trocaram as voltas à marca alemã.

O motor foi colocado numa gaveta e a Porsche dedicou-se de corpo e alma ao desenvolvimento de algo totalmente diferente… o Porsche Cayenne, o primeiro SUV da marca!

Porsche Carrera GT motor V10
© Porsche São motores como este V10 de 5,7 l que nos fazem por vezes dizer “já não se fazem motores como antigamente”.

Heresia? Talvez… Mas foi graças ao sucesso comercial do Cayenne que a Porsche conseguiu reunir os meios financeiros necessários para desenvolver o Carrera GT. O motor V10 saiu da gaveta e o resultado está à vista: um dos melhores supercarros da história.

Mercedes-AMG One

Mercedes-AMG One
© Mercedes-AMG

O Mercedes-AMG One é o mais recente membro deste restrito clube. Os monolugares W07 Hybrid de 2016 que participaram no campeonato de Fórmula 1 fornecem o grupo motriz, ou seja, o mesmo 1.6 V6 turbo acoplado a dois motores elétricos — mais outro par localizado no eixo dianteiro —, totalizam 1063 cv (!).

Tudo integrado num corpo que fica a meio caminho entre um carro de estrada e um protótipo de Le Mans e com performances a condizer: apenas 2,9s dos 0 aos 100 km/h, 7,0s até aos 200 km/h e meros 15,6s depois estamos a passar os 300 km/h. A velocidade máxima fica-se por uns limitados… 352 km/h.

Mercedes-AMG One a ser montado, com três operários a trabalharem sobre o motor 1.6 V6 Turbo de Fórmula 1.
© Mercedes-AMG Apesar de ser alemão, o Mercedes-AMG One vai «nascer» no Reino Unido.

Exclusivo (275 unidades) e com um preço de três milhões de euros, não foi impedimento para que uma unidade do tivesse como destino Portugal.

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Yamaha OX99-11

Yamaha OX99-11 visto de traseira e de cima
© Yamaha

A ligação da Yamaha à indústria e competição automóvel é longa. A marca viu-se envolvida com a Fórmula 1 a partir de 1989, tendo fornecido motores à Jordan, Tyrell e Brabham.

Daí até ao OX99-11, aplicando a tecnologia desenvolvida na competição, foi um «saltinho». Dois lugares, em tandem ou um atrás do outro, a permitir posição de condução central, mais parecia um protótipo saído de Le Mans.

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O destaque era o seu propulsor, derivado do que era fornecido à Fórmula 1: um 3.5 V12 com cinco válvulas por cilindro — 60 válvulas no total — usado no Brabham BT59, foi «civilizado», debitando mais de 400 cv (várias fontes indicam 450 cv), mas a umas estonteantes 10 000 rpm. As prestações eram exacerbadas pela massa ligeira do OX99-11: apenas 1000 kg.

Foram construídos três protótipos, em preparação para a sua produção em série a partir de 1994, mas tal nunca chegaria a acontecer. O preço estimado por cada unidade era de um milhão de dólares (pouco mais de 876 mil euros).

Reunimos sete automóveis que receberam motores de Fórmula 1, mas não significa o fim desta história. A ligação entre os motores de Fórmula 1 e os automóveis de estrada teve mais ramificações.

BMW 02

BMW 1600-2
© BMW

O que faz aqui este oitavo carro desta nossa lista tão modesto como o BMW 1600-2?

Ao contrário dos outros membros desta lista, neste caso o percurso foi o inverso, ou seja, o M10, o motor que equipou a série 02 — do original 1600-2 até ao 2002 tii, sem esquecer o insano 2002 Turbo — serviu de base aos M12 e M13, de apenas 1,5 l de capacidade, usados na Fórmula 1 na década de 80, na primeira era turbo da disciplina.

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O pequeno, mas robusto bloco era a definição mecânica de abrangência — teve uma carreira tão bem sucedida na estrada como nas pistas. Apesar de muitos dos seus componentes terem sido alterados, o bloco em si manteve-se inalterado — impressionante considerando o que se pedia dele. Ao que consta, no seu estágio mais elevado de evolução (1986) chegou a atingir os 1400 cv em qualificação!

BMW 2002 Turbo
© BMW BMW 2002 Turbo.

Nelson Piquet conquistou em 1983 o campeonato de Fórmula 1 no Brabham BT52 equipado com este motor — 650 cv em corrida e mais de 850 cv em qualificação. Compare-se com os modelos de estrada, onde o M10 ficou-se pelos 170 cv no selvagem BMW 2002 Turbo, com 2,0 l de capacidade.

Esperem, ainda não acabou. Há espaço para mais um par de exemplares… Apesar de não terem um motor derivado de um monolugar de Fórmula 1, estão diretamente relacionados com a disciplina.

Aston Martin Valkyrie

Aston Martin Valkyrie
© João Faustino / Razão Automóvel Aston Martin Valkyrie no Goodwood Festival of Speed 2021.

Sejamos honestos, o Aston Martin Valkyrie não tem um motor de Fórmula 1 — apesar do seu V12 naturalmente aspirado capaz de 11 100 rpm ser da Cosworth, cuja história se entrelaça com a da F1 —, mas todo ele foi projetado pelas mesmas pessoas que concebem os monolugares da disciplina.

Foi um esforço conjunto entre a marca britânica e a equipa de Fórmula 1 da Red Bull. A liderar o projeto está Adrian Newey, o super engenheiro que concebeu inúmeros carros de Fórmula 1 vencedores, fosse para Williams, McLaren ou, claro, a Red Bull. Fiquem a conhecê-lo em mais detalhe:

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Lexus LFA

Lexus LF-A
Épico.

O LFA é o primeiro e, para já, único supercarro da Lexus, não tem um motor de um Fórmula 1. Mas o desenvolvimento do seu estridente V10 ficou a cargo da mesma equipa que desenvolveu os motores para a Toyota na Fórmula 1.

Mais do que a performance, era o som emitido pelo motor 4.8 V10 de 560 cv que impressionava. Um motor altamente melodioso, capaz de atingir as 9000 rpm! Este superdesportivo japonês atingia os 100 km/h em apenas 3,6 e alcançava os 325 km/h de velocidade máxima.

Artigo atualizado a 4 de março de 2023 com novas imagens, ligações e acertos pontuais no texto original.