Lotus Evora 400: mais substância que estilo

Lotus Evora 400: mais substância que estilo

O Lotus Evora 400 é anunciado como o mais potente e rápido Lotus até hoje feito. Para lá das performances, encontramos um Lotus Evora profundamente revisto, que merece uma apropriada dissecação.

O atual CEO da Lotus, Jean-Marc Gales, está a pôr a casa em ordem. Após uns anos difíceis, herança dos alucinantes anos do antecessor, Dany Bahar, assistimos ao renascer da Lotus, ainda que à sua própria escala. As vendas subiram mais de 50% no último ano e a rede de distribuição expande-se, criando novas oportunidades.

Para garantir a estabilidade da marca estabeleceu-se o objectivo de 3000 unidades anuais durante os próximos anos. Indo ao encontro dessa meta, e em rápida sucessão, a Lotus expande a sua gama. O Elise S Cup, versão mais radical do pequeno desportivo, assim como o novo Exige V6 S Automatic, ingrediente fundamental em vários mercados asiáticos, foram dados a conhecer nos últimos meses do ano transacto. E finalmente, o Evora é o alvo das atenções.

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É já em Março, no próximo salão de Genebra, que conheceremos o novo Lotus Evora 400, renovando o desportivo de argumentos perante uma crescente e actualizada concorrência.

O Evora 400 não é um modelo totalmente novo, mas as modificações apresentadas são bem mais extensas e profundas do que um mero lavar de cara. E para o demonstrar a Lotus largou números, muitos números. Tenham paciência e acompanhem-me.

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O Lotus Evora 400 difere em mais de 66% dos componentes relativamente ao actual Evora. Em destaque, talvez, a maior alteração tenha sido à estrutura VVA em alumínio da Lotus, que nasceu com o Elise, em 1996. As soleiras, que tanto interferem no acesso ao habitáculo de qualquer Lotus, foram substancialmente reduzidas. São mais estreitas e baixas em 43mm e em 56mm, respectivamente, do que o actual Evora. Apesar da redução, a resistência à torção mantém-se nuns elevados 27000 Nm/g.

Consequentemente, os painéis das portas tiveram de ser redesenhados, passando também a ser mais estreitos e leves – e segundo a Lotus, de qualidade superior.

Falar em Lotus e não falar em peso é quase heresia. O Evora 400, viu o seu chassis redimensionado para lidar com mais equídeos que o Evora S e lá chegaremos. Mas voltando ao peso consegue perder 22kg relativamente a este, fixando-se nos 1415 kg. Não é peso pluma, mas é dos mais leves entre os seus potenciais concorrentes.

Dissecando, os novos bancos dianteiros perdem cada um 3kg, e o banco traseiro 3,4kg. Banco traseiro, que, como acontece hoje, via pedido, pode ser retirado. O espaço atrás é bastante ridículo, pelo que se compreende a opção, aproveitando esse espaço para bagagem.

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Também as jantes forjadas, de 19 polegadas à frente e 20 atrás, são 3.3kg mais leves. E agora são acompanhadas de borracha providenciada pela Michelin e os seus Pilot Super Sport, com medidas de 235/35 à frente e 285/30 atrás. E por fim, os apoios do motor são 5.6kg mais leves, complementados por uma sub-estrutura traseira revista que garante um maior controlo do motor e dinâmica mais apura.

O V6 3.5 litros de origem Toyota, sobrealimentado por compressor, mantém-se, mas acrescenta uns nada modestos 56cv, totalizando 406cv de potência ou uns muito britânicos 400 bhp. O binário sobe de 400 para 410 Nm, disponíveis entre as 3500rpm e 6500rpm.

Os 56cv extra derivam de alterações ao compressor, com a sua capacidade volumétrica a ser incrementada de 1.32L/rpm para 1.74 L/rpm, um novo radiador para este, e nova gestão electrónica.

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O sistema de escape também foi otimizado. O silenciador foi internamente revisto e ganha um interruptor, que pode ser activado pelo condutor, que permite maior fluidez dos gases de escape, reduzindo a pressão quando lida com cargas elevadas. O prometido resultado é uma sonoridade própria de um super desportivo, com o escape a culminar numa nova saída central de 76mm de largura.

As transmissões disponíveis são herdadas do actual Evora sendo ambas de 6 velocidades. No caso da manual, vê-se otimizada com uma nova embraiagem e um volante motor de menor inércia. A automática, como aconteceu com Exige V6 S, foi revista para garantir passagens mais rápidas e decididas. Em opção, podemos manualmente fazer a passagem das velocidades através de novas patilhas em alumínio colocadas por detrás do volante.

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Mais números demonstram os efeitos de tudo isto. A velocidade máxima é de agora 300km/h e a aceleração dos 0-100 faz-se apenas em 4.2 segundos. E não nos esqueçamos dos tempos em que vivemos, pois apesar do poderio extra, o Evora 400 declara reduções, tímidas é certo, de emissões de CO2, 225g no caso do manual e de 220 no caso do automático, sendo em ambos os caso 4g a menos que o Evora S.

Da Lotus não se espera nada mais que excelência no capítulo dinâmico. E o Evora sempre foi elogiado a esse nível. Para lidar com os cavalos a mais chassis e aerodinâmica foram revistos.

O Evora 400 ganha novos disco de travões, crescendo de 350mm para 370mm na frente, mantendo os 32mm de espessura e de 332 para 350mm na traseira, com a espessura a aumentar de 26 para 32mm. Amortecedores e molas revistos e a versão manual a ser complementada com um LSD (diferencial de escorregamento limitado). Tudo contribui para que na pista de testes da Lotus em Hethel, o tempo por volta seja reduzido em 6 segundos em relação ao Evora S e igualando o bem mais ligeiro e focado Exige V6 S.

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A nível aerodinâmico encontramos alterações que também ajudam para tão esmagador resultado. Se o anterior Evora S gerava 16kg de downforce, o novo Evora 400 consegue o dobro 32kg a 242km/h (150mph). A área frontal mantém-se inalterada com 1.91 m2, mas o valor de Cx. regrediu de 0.33 para 0.35, valor justificado pela presença de entradas de ar de maior dimensão, para lidarem com a necessidade de arrefecer os ânimos dos 406cv do mais possante motor.

Ainda comigo? Óptimo. Deixemos os números e foquemo-nos no que os olhos vêem. Indo de encontro às críticas de que o Evora tinha imagem demasiado suava para um desportivo, o Evora 400 ganhou bastante atitude visual. Novos párachoques, de desenho bem mais agressivo, fazem com que seja mais comprido em 35mm, e podemos observar também novos elementos, como um difusor traseiro, uma asa traseira tripartida, retrovisores e DRL (luzes de condução diurna). Deixo a avaliação final ao vosso critério.

O interior, sempre um dos pontos mais criticados, também viu mudanças substanciais. Já tínhamos referido o acesso melhorado e os novos bancos mais leves. O conforto vê-se melhorado graças a uma anunciada superior ergonomia, incluindo um novo painel de instrumentos, mais claro e legível, consola central revista, um sistema de climatização mais eficaz, e novo sistema de som. O volante é em magnésio e o interior pode ser revestido em diversos materiais, com opções em pele Escocesa ou Alcantara.

As expectativas são altas para o Evora 400. Mesmo com um aumento de preço previsto de 10% relativo ao Evora S, a procura esperada fará com que a Lotus aumente a sua produção total actual de 45 carros por semana para 70 até o próximo mês de Setembro, garantido 150 postos de trabalho extra. Esperemos que o Lotus Evora 400 cumpra o esperado e permita uma Lotus mais sólida e saudável. Os entusiastas precisam da Lotus.

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