Opinião O que diferencia um «petrolhead» dos outros…?

Paixão

O que diferencia um «petrolhead» dos outros…?

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Nissan GT-R

Hoje, o Ricardo Correia, um «petrolhead» ativo do Razão Automóvel, traz-nos este profundo artigo de opinião:

É com grande agrado e expectativa que sigo o Razão Automóvel virtualmente desde o seu início, assisti à evolução e às melhorias constantes que a página foi sofrendo, e por isso, não posso esconder o meu enorme agrado quando há uns tempos recebi a proposta para escrever um artigo de opinião para este «nosso» site. Dito isto, obrigado pela oportunidade!

Sou um enorme fã de tudo o que tenha quatro rodas, por isso, não se admirem da minha visão imparcial do mundo automóvel. Em criança, por exemplo, os meus pais costumavam-me pôr à janela a ver os carros passar só para conseguirem ter algumas horas de sossego. Contado ninguém acredita…

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Nós

AMG disco

O que nos leva a nós, homens de carne e osso, a apaixonarmo-nos por carbono e alumínio? O que é que faz com que uma peça forjada pela dirty way com barulho, calor e muita força/cm2, desperte em nós uma tamanha sensação de desejo? Ao falar nisto a primeira coisa que me passa pela cabeça é pegar numa tommy gun e ir direto ao primeiro banco que encontrar…

Nós, PetrolHeads, passamos horas a virar vídeos de recordes, corridas, acidentes, esforçamo-nos para sermos os tipos mais informados do mundo. Trocamos horas de farra por horas de garagem e apesar disto tudo, os automóveis são a última coisa que nos passa pela cabeça antes de adormecermos — nos sonhos nem é bom falar!

1957 Ferrari 250 Testarossa (Chassis 0714TR) 06

Isto… isto sim é uma paixão! Uma paixão por uma arte que só quem a tem é que a entende.

Dizem os entendidos que um objecto para ser arte não pode servir nenhum outro propósito que não esse mesmo. Bem… eu sei que para o comum dos condutores, o carro leva pessoas e mercadorias do ponto A ao ponto B, mas para nós, pilotos, o carro faz um circuito do ponto A ao ponto A passando por B, criando-se arte por cada centímetro deste percurso.

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O nosso

Opel Corsa B

O carro é dos raros objetos com que podemos, de facto, formar uma ligação emocional. Aliás, não é uma ligação é uma relação. O nosso carro é uma extensão de nós próprios, caracteriza-nos. O nosso, em particular o primeiro, é o maior companheiro de viagens, de aventuras (perdoem-me o cliché), ou simplesmente, como disse Jay Leno: “It’s our car, our freedom. It takes us to the next town. Oh my God! The girls in the next town are so much hotter than in our town”.

Por tudo isto, é impossível não gostar do nosso, é impossível acabar de estacioná-lo e quando saímos não lhe dar uma pancadinha de amor e pensar “Máquina!”. E mesmo quando já nos afastámos alguns metros do carro, voltamos a olhar para trás só para ter a certeza de que está tudo bem, todas as vezes, sem excepção.

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O nosso carro nunca avaria, tem é personalidade; não lhe vamos pôr gasolina, vamos é dar-lhe de beber e também não vai a arranjar, vai é ser tratado. Há quem chame a esta personificação uma obsessão… idiotas! Esta personificação separa os pilotos dos condutores, o que nós somos é apaixonados!

A nossa

lamborghini v12 engine

Caros colegas pilotos, com o que escrevo, tenciono mostrar aquilo que nos une a todos, a nossa paixão. Somos uma espécie estranha, «obcecada», mas para mim, apesar de continuar sem perceber o porquê, só faz sentido que a sigamos de alma entregue.

Continuemos a discutir, a queimar pneus, a rasgar curvas, a fazer peões, a fazer maratonas em frente à TV a ver 24 horas duma corrida e a ouvir as «patroas» a dizer que passamos tempo demais de volta do carro (dizem elas!). Continuemos a viver a nossa paixão!

P.S.— Apesar de ser de um (grande) jogo, fica um vídeo que emana paixão automóvel. Enjoy!

Texto: Ricardo Correia